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Yunxuo
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[One-Shot] A menina e as letras Empty [One-Shot] A menina e as letras

Seg Abr 19, 2021 7:47 pm
Em um subúrbio de uma cidade vivia uma menina chamada Ayla. Sua beleza era algo marcante. Seus olhos castanhos, protegidos por uma velha armação de um óculos feito há muito tempo atrás, tinham uma semelhança com seu bagunçado e não tão limpo cabelo longo e tingido por um tom de marrom chocolate, que fazia um combinante contraste com sua pele. Seu nariz era fino e arrebitado, adicionando um tom de elegância à sua beleza desgastada. Sua baixa estatura tornavam-na, de alguma forma, fofa. Seu sotaque e jeito tímido faziam com que ela parecesse um ser frágil e adorável.

Sua casa ficava em um lugar que nós chamaríamos de favela. Era uma casa bem desgastada, sua parede era apenas de tijolo e cimento, seu telhado era infiltrado, haviam buracos pelas parede, as janelas eram tapadas com papelão, pois o vidro foi quebrado há muito tempo. Os pais pareciam não se importar com a garota, todo o dinheiro era gasto com bebidas, já que eles não tinham conta de luz, água, ou aluguel. Não havia internet ou outras despesas na casa.
A garota ia à escola todo dia, ela gostava de estudar, era a única coisa que fazia com que ela esquecesse os problemas de casa. A comida da escola era a melhor que ela havia comido, pois em casa não havia muito o que fazer, era sempre arroz e ovo.

Um dia, quando Alya tinha doze anos, sua professora de línguas viu que a garota estava muito triste, mas achou que não deveria perguntar o motivo. Ela era a sua melhor aluna, suas notas estavam sempre entre nove e meio e dez, sua leitura era muito boa e sua escrita, por mais que não fosse das melhores, tinha potencial. Vendo o semblante da garota, a professora aproximou-se dela e disse: “Aqui. Leia esse livro. Ele não é muito grande e é uma leitura agradável. Eu gostava muito de lê-lo quando eu era menor. Talvez ele te faça sentir melhor.” A professora deu um sorriso caloroso à garota. Ayla, surpresa, disse à professora: “Mas, mas… tem certeza que eu posso ler esse livro? Acho que eu não deveria…” A professora interrompeu e disse enquanto afagava a cabeça da garota: “Garota boba, eu já não te disse que você poderia levar o livro? Fique com ele como um presente meu para você.” De repente, lágrimas começaram a sair dos olhos grandes e castanhos da menina. A professora chocada e comovida sentou-se ao lado dela e abraçou-a enquanto acariciava sua cabeça.

Depois que a garota parou de chorar, a professora contou-lhe sobre uma biblioteca pública que ficava próximo à escola. A garota, interessada, resolveu visitar o lugar. A biblioteca era gigante, cheia de todos os tipos de livro, ela passava por uma estante quando viu um livro chamado “A noite e a cerejeira”, aparentemente um livro muito interessante e dócil, ela abriu no meio do livro e começou a lê-lo, o trecho dizia: “[...] Então o rapaz esbelto de cabelos brancos e longo prova do doce aroma, era rosado como as folhas de uma cerejeira, o gosto era como de um doce e suculento pêssego, então, depois de um longo tempo de deleite em tal sabor celestial, o casal finalmente torna-se um, a sensação de dor passava com o tempo, com os olhos apaixonados um do outro se encarando, enquanto o rapaz ajeitava o cabelo da moça por trás de sua orelha e ela tinha sua mão na bochecha dele, ambos disseram ao mesmo tempo “de todos os presentes de casamento, a melhor coisa que eu recebi foi voc…” Ayla, que só então entendeu o que estava acontecendo, rapidamente fecha o livro e, com o rosto e orelhas tão vermelhos quanto o casaco que ela estava vestindo, diz: “Meu Deus!! Eu não deveria estar lendo isso, mas talvez só uma espiadinha…", porém ela balança a cabeça e diz “Não, não, eu nem terminei de ler o livro que a professora me deu… mas… talvez depois que eu terminá-lo eu possa… Kyaaaa”, então, enquanto seu rosto corava ainda mais, ela saiu da biblioteca com vários pensamentos em sua cabeça.

Ao chegar em casa, a garota senta em sua cama e começa a ler o livro dado por sua professora, ele era sobre um garoto de uma família muito rica, que não se dava bem com assuntos escolares, mas que amava as plantas, tudo o que o seu dedão tocava germinava. A garota mergulhou no maravilhoso mundo do livro e esqueceu das coisas à sua volta. Então, quando ela volta à realidade e olha pela janela, vê que seu pai já está para chegar, logo um desespero toma seu rosto, que até então estava brilhoso e alegre, então ela pensa ‘Ai, Jesus, meu pai já vai chegar e eu ainda nem fiz a comida, ele vai ficar furioso e vai…’ então lágrimas começam a escorrer dos olhos dela, mas ela rapidamente as enxuga, olha para o livro e diz “Eu preciso ser rápida.” Então ela pega um plástico grosso, que estava jogado em seu quarto, embrulha o livro nele e esconde-o em um buraco no chão escondido por sua cama, depois disso, ela rapidamente troca seu uniforme por uma das poucas velhas roupas que ela tinha, dobra seu único uniforme e o guarda em sua gaveta, então ela bagunça o cabelo e se deita na cama. Pouco tempo depois seu pai chega. Ao ouvir a porta se abrir, o rosto da garota fica pálido e ela fecha seus olhos ainda mais forte. O pai vai para a cozinha e vê que não há nada preparado, então ele grita “AYLA!! VENHA AQUI AGORA!”, a garota levanta de sua cama assustada e vai em direção à cozinha de cabeça baixa, ao chegar lá, ela diz com uma voz trêmula “S-senhor…” o pai, então, diz com um tom de voz irritado e acima do volume normal de uma fala, mas não o suficiente para ser considerado um grito “Eu trabalho o dia todo para você ter o que comer, chego cansado, sua mãe não está aqui para me receber e tudo o que eu encontro aqui são moscas voando sobre o lixo?! Você é uma inútil, não serve nem para fazer uma simples comida.” Ao ver o cabelo bagunçado e o rosto amassado da filha, o pai diz com muita raiva “Então quer dizer que você não fez a minha comida só por causa de um mero sono?! Você não sabe quanto de sono eu perco todo dia?! Quão inútil você consegue ser?!” Então ele dá um tapa no lado direito do tronco da garota e diz “Você fica em casa o dia todo sem fazer nada e não faz a minha comida?!” Então ele lança outro tapa mais forte que o anterior na garota, mas tendo certeza de não fazê-lo em lugares que podem ser visíveis aos outros, para que não tenha nenhuma denúncia, tão logo ele diz “Você não poderia pelo menos ter feito a comida antes de ir dormir? Quer que o seu pai morra de fome?!” então ele bata ainda mais forte na menina outra vez, então, com os olhos cheios de lágrimas e uma voz chorosa e de súplica, ela diz: “por favor, pai, eu prometo que eu vou fazer a comida e que isso nunca mais vai acontecer de novo, por favor, pare de me bater…” mesmo vendo lágrimas escorrendo dos olhos dela e a expressão de dor em seu rosto, o pai continua batendo e diz: “com toda certeza você vai fazer a comida agora, você não é nenhum tipo de maluca, mas antes você precisa ser disciplinada” e ele continua batendo nela. A garota com uma enorme expressão de dor e soluçando por causa do choro diz: “pai… por favor… para, ta doendo…” mas sem nenhuma compaixão, o pai continua batendo por mais um tempo. Então, depois que tudo acaba, a garota vai fazer a comida do pai, um pouco de arroz com ovo frito, ainda que estivesse tremendo, chorando e com os olhos cheios de medo. Mas, mesmo em meio àquela situação, ela tinha apenas um pensamento: 'meu pai não pode descobrir sobre o livro, se não ele vai querer pegar e vender para comprar mais bebidas, e se ele fizer isso, eu não vou ter mais nada para fazer e minha vida vai voltar a ser como antes’. Após servir o pai, ela vai tomar um banho, deita e dorme.

Depois disso ela começou a ter certeza de parar de ler sempre antes das 20:00, para que aquilo não acontecesse de novo.

Desde aquele acontecimento passaram-se seis anos, e agora Ayla está com dezoito anos. Depois de ler o livro que sua professora lhe deu, ela começou a ir à biblioteca e sempre lia os livros de lá. Pedia para que os funcionários da biblioteca guardassem os livros para ela, já que não poderia levá-los para casa e não queria que outros leitores os levassem enquanto ela estivesse lendo-os. Mas o cuidado de sempre chegar em casa antes das 20:00 continuou por todos esses anos, contudo, aquela cena repetiu-se algumas outras vezes, por motivos diferentes.

Um dia, quando ela já havia terminado seu trecentésimo décimo oitavo livro, Ayla estava à procura de mais um livro interessante, de preferência um de romance e ação. Ela tinha ouvido sobre uma obra de mais de mil capítulos que tinha os dois gêneros e era tido como um dos melhores do oriente, portanto, ela queria saber se já existia a tradução de tal livro naquela biblioteca. Porém, quando ela está passando por uma estante mais ao canto e que encontrava-se no segundo andar, ela vê algo que lhe chama a atenção, o título do livro era “O Diário de um Escritor”, não era algo especial, na verdade, era algo bem genérico, mas, que por algum motivo, capturou o seu interesse. Ao começar a ler o livro, ela descobre que ele falava sobre um dos maiores escritores da história, seu nome era Arthur Baldrick, um britânico que morrera algumas décadas atrás, seus principais títulos eram A Morte e a Vida, A Rosa e a Espada, A Andorinha e Arnos Botan. A lista com suas obras tinha um pouco mais de nomes, e Ayla já havia lido alguns deles, os favoritos dela eram Arnos Botan, A Morte e a Vida e A Rosa e a Espada. Percebendo sobre quem e sobre o que se tratava, Ayla ficou muito entusiasmada para ler o livro, porém, mesmo com tudo isso, ela não pôde deixar de pensar: ‘Esse autor era realmente ruim com os nomes…’.

Então, ela começou a devorar o livro. Com seus anos frequentando a biblioteca, ela já havia descoberto um lugar agradável e isolado para que ela pudesse ler sem nenhuma preocupação. Ela sentou-se naquele lugar, pegou a vela aromática que ela comprou com um dinheiro que ela ganhou de sua professora e começou ler. O livro se tratava bastante do porque e como o autor começou a escrever, dizia também os métodos que ele usava e o que ele mais gostava de fazer enquanto escrevia. O editor que trabalhava junto com Arthur disse no livro que os nomes do livro dele sempre começavam com “A” porque ele dizia que caso os livros fossem organizados em ordem alfabética, os livros dele estariam entre os primeiros. Ao ler isso, tudo que ela conseguiu pensar foi: ‘Esse cara realmente não se importava com os nomes dos livros dele…’. Ao continuar lendo o livro, Ayla descobriu que o autor não tinha uma das melhores vidas, ele havia perdido seus pais desde muito jovem e não havia parentes para quem ele pudesse pedir ajuda. O garoto teve que começar a trabalhar muito cedo, mas fortuitamente o seu primeiro e único patrão o ajudou a aprender a ler e escrever, ele também comprou-lhe alguns livro, fazendo-o despertar uma paixão pela leitura, tão logo Arthur viu-se escrevendo pequenos poemas e histórias para passar o tempo, seu chefe descobriu isso, leu seus texto e os achou muito bom. Um dia Arthur decidiu escrever um livro sobre um homem que resolveu começar uma aventura e no meio dela encontrou a pessoa que viria a ser sua amada para todo o sempre. O livro foi bem recebido pelo público, mas nem de longe foi a sua obra mais famosa. Depois de alguns livros, ele escreveu A Vida e a Morte, um livro que foi mundialmente lido, logo depois veio A Rosa e a Espada, que conseguiu superar o sucesso do anterior, mas o livro de Arthur mais bem sucedido foi Arnos Botan. Esse livro foi traduzido para mais de cem línguas, houve várias reimpressões e chegou a ser o mais vendido do ano por 3 anos seguidos. A história do livro falava sobre um rapaz chamado Arnos Botan que havia começado sua aventura desde a tenra idade e encontrou preciosos companheiros, e sua amada, ao longo de sua caminhada. O livro era envolto de romances, com todos os amigos do protagonista tendo seu romance detalhado na história, guerras, seres misteriosos, poemas e, claro, aventura. Ele também era livre para todas as idades, o que facilitou ter um grande público, já que a maioria das obras da época era para adultos, e os leitores respeitavam isso.

Lendo o livro, Ayla percebeu que a escrita poderia sim ser algo prazeroso, já que o autor sempre escrevia para se acalmar, então ela resolveu tentar seguir o mesmo caminho. No dia seguinte, ela, sentou-se na mesa que ela costumava usar, acendeu sua vela aromática, preparou um caderno destinado apenas para a escrita, colocou músicas para tocar em seu fone a partir de seu mp3, cujo ambos ela havia recebido de presente de sua professora e manteve bem escondido do pai. Então ela se ajeitou, fechou os olhos, respirou fundo e tentou imaginar uma história, porém nada vinha em sua mente, ela tentou de diversas formas pensar em algo, até que pensou em uma história sobre dois homens que se encontravam devido à um acidente, a partir de então ambos tornam-se melhores amigos, compartilham de vários momentos juntos e então eles morrem. Após acabar de  escrever sua história, ela se espreguiça esticando os braços para cima, esticando o tronco e as penas, um pouco de lágrimas saem dos cantos de seus olhos fechados, já que eles ficaram muito tempo abertos devido à tensão, então ela diz: “Uaaaaaaah, finalmente acabei!”

_“Oh, o que você esteve escrevendo que lhe tomou tanta atenção e tempo?” - Diz um jovem rapaz de cabelos branco natural, mas que não parecia velho, ele parecia ter cerca de dezoito anos de idade.

_“Quem é você? O quê está fazendo aqui? Por que eu não notei a sua chegada?”

_“Hm? Você não me notou? Mas quando eu cheguei, eu perguntei se poderia me sentar aqui e você disse que sim”

_“Disse? Acho que você está mentindo, não tem como eu não lembrar do que eu disse.”

_“O que o garoto diz é verdade, Ayla, você realmente o deixou sentar em sua mesa, você disse com palavras claras, mas em momento algum você nem sequer deu atenção ao garoto, por isso eu fiquei aqui para ter certeza de que nada de ruim aconteceria.” - Disse uma senhora que estava limpando uma estante próxima, seu cabelo era castanho escuro, já era possível ver algumas rugas se formando em seu rosto, mas que não tirava sua beleza e elegância, ela era conhecida como Sra. Adélia, ela era uma das pessoas que cuidava da biblioteca.

_“Já que a Sra. Adélia diz…” - Disse Ayla ainda um pouco desconfiada com a situação.

_“Então, sobre o que você esteve escrevendo?”

_“É sobre dois amigos que se conhecem durante um acidente e constroem sua amizade até o fim de suas vidas.”

_“Parece interessante, posso lê-lo?”

_“Pode, mas seja breve, precisarei ir daqui a pouco.”

_“Sem problema”

O rapaz começa a ler o texto, ele era um tanto interessante, por mais que houvesse alguns pequenos erros, a história era boa, bem desenvolvida e intrigante. Após terminar de ler, o rapaz devolve o texto e diz:

_“Ele é realmente muito bom, eu gostei muito, parabéns pela criatividade.”

_“Obrigada. Esse foi o meu primeiro texto.”

_“Oh! Sério?”

_“Sim, apenas tive interesse em escrever depois de ler um livro nos últimos três dias.”

_“Que legal, sendo seu primeiro texto, torna o seu texto ainda melhor. Você pretende continuar a escrever?”

_“Eu ainda não sei, esse foi o meu primeiro, foi realmente muito bom, mas acho que se eu começar a escrever, eu vou parar minha leitura, já que eu não tenho muito tempo livre.”

_“Não acho que esse seja um problema, você poderia simplesmente separar uma hora do seu tempo livre para ler e usar o restante para escrever, você tem ideias muito boas e eu acho que isso não deveria ser desperdiçado assim. Se você quiser, eu posso te ajudar a escrever. Eu gosto de ler vários tipos de livros, sem contar que meu pai é um escritor também, talvez isso possa te ajudar em alguma coisa. Eu tenho tido bastante tempo livre ultimamente, então tempo não será um problema para mim. O que você acha?”

_“Acho que isso não é uma má ideia, não tenho nada a perder com isso, eu poderia tentar isso por um tempo, e caso não dê certo, é só parar. Poderíamos nos encontrar das 14:00 às 19:00?”

_“Por mim tudo bem.”

_“Desculpe-me, mas, eu poderia saber o seu nome?”

_“Ah, sim, perdão. Sou Akira, Hiwara Akira, Hiwara é o meu sobrenome. E você?”

_“Sou Ayla.”

_“Prazer em conhecê-la, Ayla”

_“Muito bem, mas agora eu preciso ir, já está anoitecendo e eu não deveria chegar em casa muito tarde.”

_“Certo, então, até amanhã.”

_“Até.” - Os dois se despedem e Ayla volta para casa, faz a comida para o seu pai e vai dormir.

A partir do dia seguinte, os dois passaram a se encontrar na biblioteca, Akira sempre trazia lanches que ele comprava numa padaria próxima, os dois passavam um tempo lendo e depois Ayla escrevia alguns texto, Akira lia e apontava os pontos onde poderia melhorar, assim era a tarde dos dois jovens. Uma vez, Ayla não conseguiu dormir muito bem durante a noite, então ela adormeceu enquanto escrevia. Ao ver a cena, Akira de um leve sorriso, tirou o caderno que estava por debaixo dela, fechou-o, colocou-o ao lado, guardou os lápis e canetas no estojo dela, pegou uma almofada que ele usava para apoiar as costas e colocou entre o rosto e os braços cruzados de Ayla, estava muito frio na biblioteca naquele dia, então ele pegou o seu casaco e o usou para cobri-la, então, ele voltou ao seu lugar e continuou a estudar. Quando já estava próximo à hora de Ayla ir, Akira se levanta, vai até a dorminhoca Ayla e, enquanto acaricia seu rosto, diz:

_“Ayla, Ayla, já está na hora de ir.”

_“Hm? Quê?” - Ainda meio sonolenta, Ayla abre os olhos e vê Akira com um doce sorriso no rosto, ela sorri de volta achando que ainda estava sonhando, mas logo ela percebe o que estava acontecendo, cora de vergonha, mas logo ela arruma os seus cabelos, devolve o casaco à Akira e arruma suas coisas.

_“O-Obrigada, por tudo e desculpa por hoje.”

_“Hahaha não tem problema, espero que tenha conseguido descansar.”

Então Ayla cora ainda mais, mas rapidamente abaixa a cabeça tentando esconder isso de Akira, então com muita vergonha ela diz:

_“Preciso ir.” - assim ela sai apressadamente sem nem olhar para trás e logo some depois de descer o segundo andar.

_”Hahaha ai ai, essa garota…” - Akira, que assistia Ayla ir embora com um leve sorriso no rosto, senta-se na cadeira e volta a estudar.

Enquanto isso, Ayla, que acabou de sair de uma situação vergonhosa, está agora voltando para casa pensando no que aconteceu. ‘Meu Deus… Como eu pude dormir na frente das pessoas assim? Principalmente dele… Ai, Jesus… Juro que eu nunca mais durmo na frente de mais ninguém assim!”. Mal sabia ela que isso voltaria a acontecer algumas outras vezes.
No dia seguinte, quando ela chega no local de encontro, Akira já está lá com a mesa e os lanches arrumados, duas velas aromáticas postas perto de cada assento e eles estava estudando de cabeça baixa sem nem notar a chegada de Ayla, sem prestar atenção nisso, ela chega para ele e diz:

_“Eu quero escrever um livro.”

Então Akira olha um tanto surpreso para Ayla, sorri e diz:

_“Oho… Parece que aquela tarde de sono realmente te fez bem, chegou mais energética e tudo.”

_“Calado!” - Ayla diz corando imediatamente.

_“Hahaha muito bem, mas por que um livro assim tão derrepente?”

_“Porque essa noite eu tive uma ótima ideia para um livro de romance, aventura e ficção.” - Diz Ayla extremamente empolgada.

_“Romance… O que você esteve fazendo no meio da noite, ein?”

_“PARA!!” - Ayla cora imediatamente, agora seu rosto está completamente vermelho e então ela diz: “Eu não faço esse tipo de coisa.”

_“Que tipo de coisa? Eu pensei que estávamos falando sobre um livro de romance hahaha.”

Ayla fica ainda mais vermelha que antes, se forçar um pouco mais a vista, dá para ver fumaça saindo da cabeça dela.

_”SEU IDIOTA!! VAMOS FALAR SOBRE O LIVRO! O LIVRO!”

_“Que livro? O livro erótico que você estava lendo ontem à noi…”

_“NÃO! O MEU LIVRO! O MEU LIVRO!”

_“Então, quer dizer que você estava realmente lendo um livro erótico ontem?

_“NÃO, EU JÁ DISSE QUE NÃO! EU ESTAVA PENSANDO EM… EU NÃO PRECISO TE DAR NENHUMA EXPLICAÇÃO, SEU IDIOTA!!”

_“Hahaha tudo bem, tudo bem. Então vamos começar o livro? Existem algumas formas boas e interessantes de se começar, você pode começar introduzindo o personagem principal, dizendo suas características, de onde ele vem, como é o lugar que ele vem e colocá-lo em uma situação onde ele possa mostrar suas habilidades. Ou então você pode…”

_“Pera. Você não vai me perguntar sobre o que é o livro?”

_“Não. Eu quero descobrir isso lendo aos poucos, acho que vai ser mais divertido assim.”

Akira solta um largo e extrovertido sorriso depois de dizer isso e, então, eles começam a escrever o livro. Conforme o livro ia sendo desenvolvido, ele ia tendo ainda mais certeza do potencial de Ayla como escritora. O livro dela já cativava o leitor desde o início, mostrando um personagem principal ainda em sua infância, mas que era fofo e envergonhado, porém que sabia ser decisivo e tinha ótimas ações no geral, o que poderia prender tanto o público feminino, quanto o masulino, as crianças também não ficavam de fora, já que elas poderiam facilmente se sentir como o protagonista. Contudo, mesmo a obra sendo boa e tendo um bom desenvolvimento no geral, Akira sentia que ainda faltava algo ali, ele via que tinha tudo, mas ao mesmo tempo não parecia ter nada, uma obra com tanto potencial parecia só mais um livro qualquer. Então, depois de um mês de escrita desde o dia, Akira resolve reler tudo o que já havia sido escrito, que não era muita coisa, eles não haviam saído nem da primeira parte do livro. Ao terminar de reler pela quarta vez, ele finalmente descobre o que estava errado.

_“Boa tarde, Akira.”

_“Boa tarde”

_“Você chegou cedo hoje, aconteceu alguma coisa?”

_“De fato aconteceu, mas não é algo que você precisa se preocupar agora, mais tarde falaremos sobre isso. Sente-se e coma, trouxe os seus favoritos, torta de amora e chá gelado.”

_“Oh! Muito obrigada!” - Diz Ayla com os olhos brilhando, mas ela também estava preocupada e ansiosa com o que Akira queria falar.

Depois de um delicioso lanche juntos e uma conversa descontraída sobre as coisas que estavam acontecendo, Akira resolve retomar o assunto principal da conversa.

_“Então, Ayla, sobre o que eu queria falar mais cedo, ontem a noite eu estava relendo o que você escreveu do livro e vi que ainda tem uma coisa faltando, não é nada técnico, mas algo tão importante quanto.”

_“Oh, e o que seria?”

_“Eu sei que você realmente está empenhada nesse livro e que você está gostando muito de escrevê-lo, mas ainda está faltando coração no seu livro. Eu sei que pode parecer estranho, mas o que eu estou falando é muito sério. O livro é como um ser vivo que está sendo criado do zero e o escritor é como o criador. Não adianta você querer colocar apenas cérebro na sua criação, se não ele não tem coração, ele não será diferente de um robô, ele poderá ser legal e tal, mas nada de muito especial, depois de um tempo surgirão outros melhores e o seu robô será esquecido. O que você está fazendo aqui é exatamente isso, você está tão focada em criar um um ser que seja tecnicamente bom, legal e que chame atenção, que está esquecendo de colocar o coração nele. Você sabe o que diferencia obras como Arnos Botan, A Rosa e a Espada, One Piece, Senhor dos Anéis e O Hobbit dos outros livros?” - então Akira pega o livro Arnos Botan, que estava na prateleira ao lado, coloca-o bem próximo aos seus ouvidos e continua - “O batimento cardíaco que eles têm. Consegue ouvir? Consegue sentir esse coração batendo, ele te envolvendo na obra? Percebe ele te fazendo sentir como se tudo o que está ali fosse real? Esses batimentos que aumentam o som conforme a gente lê, isolando-nos do mundo exterior e colocando-nos dentro do mundo do livro… Isso é o coração do livro e é isso que o seu livro não tem.”

_“...”

Então Ayla começa a ler o livro que ela estava escrevendo, depois aproxima-o do ouvido, fecha os olhos, respira, sente o livro, abre os olhos e diz:

_“Você tem razão, eu estava esquecendo de colocar o coração na minha criação. Obrigada por me lembrar, eu não sei o que eu seria sem você.”

Ayla então manda um sorriso caloroso para Akira, que responde com um sorriso extrovertido e confiante. Então Ayla começa a reescrever o livro, agora ela coloca o seu coração nele, sente os personagens, o cenário, o mundo… E, então, depois de nove meses escrevendo o livro, passando por vária dificuldades, mas também por ótimos momentos juntos, eles finalmente terminam de escrever o tão esperado livro, eles procuram por várias editoras que pudessem ajudá-los a publicar, e depois de mais um mês de aguardo e se encontrando todo dia, agora não apenas na biblioteca, uma editora finalmente responde o seu pedido.

“Olá, Ayla.

Eu sou Christiane, da editora xxxx. Peço desculpa por demorar a responder o seu e-mail, nós tivemos a necessidade de fazer várias reuniões para decidir o que fazer com o seu livro. A pequena parte que você nos mandou dessa obra maravilhosa foi o suficiente para conseguir a tradução imediata para mais três línguas além da nossa.
Caso você aceite publicar o seu livro pela nossa editora, gostaríamos de ler o restante do livro para ver se nós faremos mais alguma coisa além do que foi citado acima, dependendo de como for, nós poderemos lançar o seu livro em 15 línguas diferentes com a possibilidade de mais traduções no futuro. Claro, outros assuntos, como quanto à publicação, o marketing, possíveis autógrafos, e até a negociação de uma casa para você e sua família, entre outros, serão tratados em uma reunião presencial com o seu advogado.
Espero de coração que você escolha a editora xxxx e que possamos fazer história juntas.
Desde já eu agradeço

Atenciosamente

Christiane M. R. Williams

15/03/XXXX”


_“Kyaaaaa!! Eles realmente responderam! A editora que eu mais queria realmente respondeu!! Eu não acredito!”

Um sentimento de alegria enorme surgiu no coração de Ayla, lágrimas de alegria desciam de seus olhos, ela colocou as mão no rosto e começou a chorar, mas não um choro de angústia e tristeza, mas sim um choro de felicidade e realização. Então Akira abraça Ayla na intenção de consolá-la, a baixa estatura dela não a deixa passar do peito de Akira, ela encosta sua cabeça em seu peito e chora ainda mais. Vendo a situação, Akira apenas lhe dá um forte, firme e caloroso abraço, acaricia sua cabeça e fica em silêncio esperando tudo passar.
Após Ayla se acalmar, seu nariz vermelho fazendo contraste com sua pele branca a fazia parecer um pequeno e fofo coelho, então ela olha com seus grandes olhos vermelhos para Akira e diz:


_“Akira.”

_“Fala, pequeno coelhinho.”

Ayla cora na hora e olha para baixo tentando esconder sua vergonha, e então ela diz:

_“Eu estou muito feliz.”

_“É, eu também estou.”

_“Mas só tem um problema.”

_“Hm? Qual?”

_“No e-mail diz que eu precisava ir lá com o meu advogado, mas eu não tenho advogado e nem dinheiro para pagar um.”

_“Hahahaha apenas relaxa, deixa essa parte comigo, eu conheço uma  boa pessoa para isso”
Então Akira consegue um advogado para Ayla e eles vão resolver a questão do livro, ela entrega o livro completo nas mãos de Christiane. Após duas semanas, Ayla e seu advogado são chamados para mais uma reunião, lá os detalhes restantes são decididos. Ayla conseguiu direito de uma casa no bairro e cidade que ela quisesse, dependendo do país que ela quisesse morar, a editora pagaria o visto, a casa e a viagem para ela. O marketing foi o melhor possível, além dos anúncios em todas as plataformas, também era a capa de diversos jornais famosos, do aplicativo de leitura da editora e estava em todas as reimpressões de famosos livros como uma indicação. Como resultado, o livro foi traduzido e lançado simultaneamente em mais de vinte línguas, com venda de mais de trinta mil cópias mundiais tudo isso apenas no primeiro mês, com o passar do tempo esse número foi aumentando, a nota do livro nos sites de críticas e indicações era de quatro ponto oito de cinco, as críticas dos jornais mais famosos do mundo, além de diversos críticos mundialmente conhecidos eram, em sua maioria, positivas, em resumo, o livro foi mais do que um grande sucesso. Ayla estava tão feliz de que o fruto de seu trabalho com Akira foi super bem sucedido, os dois ficaram muito alegres quando viram os números, então Akira ligou para Ayla e disse:

_“Você viu como foi o lançamento do seu livro? Mais de 15 mil cópias apenas no primeiro dia, que loucura…”

_“Siiim!! Eu estou tão feliz que o nosso trabalho deu certo!”

_“Isso aí, o NOSSO trabalho hahaha”

_“Obrigada por tudo, sem você, nada disso teria acontecido.”

_“Eu que agradeço por poder fazer parte disso, quer sair para comemorar?”

_“Sim, aonde nós vamos?

_“O que você acha da sorveteria que abriu recentemente?”

_“Siim, eu amo sorvete, sem contar que hoje está muito quente, um sorvete cairia muito bem.”

_“ Verdade. Então eu vou te mandar o endereço, mais tarde a gente se fala. Tchau Tchau.”

_“Tchau Tchau”

Uma notificação chega no celular de Ayla com o endereço da sorveteria. Ela termina de se arrumar e antes de sair ela olha o celular, são 17:00, ‘Acho que dá tempo’ Ayla pensou, então ela sai e vai para a sorveteria.

_“Ayla! Estou aqui! Mesa 7!”

_“Ah! Sim, já estou indo.”
_“Então, como você está?

_“Tô muito feliz e animada, eu não esperei que o livro fosse fazer um sucesso tão grande assim. Quando eu estava escrevendo, eu estava pensando apenas sobre o nosso país, mas em pensar que ele foi lançado em mais de vinte idiomas na primeira edição! Nossa, eu estou muito feliz de que isso tenha acontecido, até agora eu não consigo acreditar, parece que tudo isso é um sonho e que eu vou acordar a qualquer momento.”

_“Sim, eu também estou muito surpreso com tudo isso, mas é de fato muito bom que tudo isso esteja acontecendo do jeito que as coisas estão indo. Você merece isso e muito mais, o tanto que você se esforçou para criar esse livro foi algo que não dá para explicar. Estou muito feliz por você.”

_“Obrigada, eu realmente sou muito grata à você, sem você nada disso teria acontecido, eu não teria chegado até aqui.”

_“Que nada, eu não fiz muita coisa, foi você quem fez a maior parte. Então, o que você pretende fazer a partir de agora?”

_“Eu ainda não sei, estava pensando em ir para uma casa minha, continuar escrevendo… é, eu acho que é isso.”

_“Entendo, não parece um plano ruim.”

_“E quanto à você? Pretende fazer o que agora?”

_“Quero terminar minha faculdade de Ciências da Computação e conseguir um emprego nessa área, afinal esse sempre foi o meu sonho.”

_“Sim, é sempre importante seguir nossos sonhos.”

E assim eles continuaram conversando por mais um bom tempo, uma conversa descontraída, sem objetivo. Ambos compartilhavam de uma felicidade inexplicável, a sensação de realização com o lançamento e o resultado que isso era muito grande. Contudo, naquela hora eles estavam apenas curtindo o tempo deles, como dois amigos bebendo depois de uma longa semana de trabalho, eles estavam apenas aproveitando o que eles tinham ali, sem pensar em mais nada. E então o tempo foi passando, o sol se pondo, o clima foi esfriando. Depois de um fim de tarde tão agradável, Akira disse:

_“Estou tão feliz por podermos ficar conversando até tarde dessa vez, normalmente você está sempre precisando sair cedo.”

Ao ouvir essas palavras, o coração de Ayla congela, sua pele, que há pouco era rosada, agora está pálida, seus olhos ficam momentaneamente aterrorizados, gotas de suor frio começa a escorrer por seu rosto. Tudo isso ocorre em uma fração de segundo, ela rapidamente se recupera, força um sorriso e diz:

_“Nossa, verdade! Hahaha obrigada por me lembrar, bem, agora eu preciso ir. Aqui está o dinheiro para dividir a conta.”

_“Não, relaxa, não precisa disso, eu te chamei aqui com a intenção de pagar tudo.”

_“Não, sério, não precisa, pega esse dinheiro para ajudar.”

_“Está tudo bem, guarde esse dinheiro para outra coisa, deixe a conta comigo.”

_“Bem, já que você insiste. Eu preciso ir, nos vemos por aí.”

_“Claro, tome cuidado na volta.”

Então eles se despedem, Ayla vai embora apressadamente enquanto Akira paga a conta, mas ele não nenhum tipo de idiota, por mais que tenha sido algo muito rápido, ele viu a expressão assustada de Ayla, então ele saiu correndo para tentar encontrá-la. Quando ele chega na estação de táxi próxima à sorveteria, ele vê Ayla entrando em um que estava esperando por uma corrida. Então ele imediatamente abre a porta do táxi mais próximo à ele, por sorte o carro estava vazio, então ele aponta para o carro de Ayla, que estava saindo, e diz:

_“Siga aquele carro.”

_“Certo, senhor.”

Desta forma eles começam a ir atrás de Ayla. Assim que o carro parte da estação, Akira se recosta no banco de trás no lado direito do carro, então ele olha para a janela com uma cara pensativa e séria, observando a cidade passando rápido por seus olhos ele pensa: ‘Caraaaaa eu sempre quis fazer isso! Parecia tão legal nos filmes, mas agora eu estou tão nervoso, a adrenalina de se sentir um agente do FBI indo atrás de um suspeito é tão grande!!! Isso é o sonho de todo homem da era moderna! Não. Pera. Foco. Ayla pode estar passando por perigo agora, eu preciso ver o que está acontecendo com ela, aquele rosto assustado dela não era algo normal, com certeza aí tem coisa… Mas… será que eu ligo para um amigo como um reforço? Se eu fizesse isso, eu não pareceria um real agente dos filmes ligando para o seu parceiro para ajudá-lo em missão em uma área super perigosa? Que legaaaal!! Foco, Akira! Foco! Agora não é hora para isso, Ayla pode estar precisando de você!’. E assim a perseg… quer dizer, a viagem durou mais 10 minutos. Finalmente o carro em que Ayla estava parou, ela desceu do carro, e parou em frente à uma casa velha sem reboco cujo as janelas eram tapadas com papelão. Akira pede para o táxi parar, paga a corrida e fica observando Ayla de longe. Depois de um tempo parada em frente ao portão, ela dá um longo suspiro e entra na casa. Vendo isso, Akira resolve fazer o mesmo, ele não sabia o que poderia acontecer, então entra por uma das janelas abertas. Ele resolve não ficar muito longe da janela, pois caso algo de muito ruim aconteça, ele pode fugir por ela.
Ao entrar em casa, Ayla tenta fazer o mínimo de barulho possível para não acordar o pai, que possivelmente já estava dormindo, contudo, ele estava na sala esperando por ela. Quando o pai a vê entrando em casa, ele diz:

_“Oh, então você ainda sabe o caminho de casa, achei que estivesse perdida!”

_“Desculpa, tinha muito trânsito do lugar que eu estava vindo, não consegui chegar em casa na hora.” - Ayla mente tentando despistar a fúria de seu pai, mas o velho logo diz:

_“Com certeza sim, para você demorar mais de duas horas em um trânsito, quer dizer que você estava realmente muito longe. Onde você esteve? Você ainda não entrou na faculdade, não tem motivo para demorar tanto.”

_“Na verdade eu não estava tão longe assim, apenas houve um assalto na rota comum para casa, então o meu amigo, que se ofereceu para me trazer, precisou pegar um outro caminho, e esse caminho estava muito engarrafado, por isso a demora.”

_“Ah, então quer dizer que deixar de sair com seu amigo você não pode, mas deixar seu pai, que se esforçou por dezenove anos para te sustentar, você pode deixar para morrer?”


_“Não foi isso o que eu quis dizer, pai, eu não estava em casa antes disso, eu estava resolvendo um problema com os meu documentos para que eu pudesse entrar para a faculdade.”

_“Já que você não estava em casa antes, você deveria ter cancelado o seu encontro com o seu “namoradinho” e ter feito comida para que eu não morresse de fome!”

_“Me perdoa, pai, eu não poderia ter cancelado o encontro, o assunto que eu estava tratando com ele era ainda mais importante que o da faculdade.”

_“Era o quê? Ele por acaso iria te dar algum dinheiro? Ou é só mais uma dessas paixões idiotas de adolescentes burros? Ele só está querendo te usar, depois que ele fizer o que quer com você, ele vai te abandonar.”

Ao ouvir o que seu pai havia dito, Ayla ficou extremamente furiosa, ela não poderia deixar que Akira fosse difamado dessa forma, ele nem estava aqui para se defender! Já não se importando mais com as consequências, ela olha furiosa e fala para o pai:

_“Ele não é como você, que deixa a mulher brincando com outros sem nem se preocupar. Ele é o homem que eu amo, eu não ligo se não é algo recíproco, eu só quero passar cada momento que eu puder passar ao lado dele, aproveitar cada instante que estivermos juntos como se fosse o último. Mesmo que seja um dia de chuva, eu não me importo de encontrá-lo, mesmo que caminharmos por todo o país e tudo estiver fechado, eu ainda vou poder desfrutar do prazer de dividir o guarda-chuva com ele. Eu tenho que aproveitar tudo o que eu puder com ele, pois um dia ele vai achar alguém que seja adequada para ele, vai casar-se com ela e eles serão felizes juntos. Se eu não aproveitar com ele o máximo que eu conseguir agora, quando eu não puder mais, eu vou me arrepender amargamente. Se eu precisar deixar um velho morimbundo, que não liga para a própria filha e não sabe fazer nada além de beber, passar fome só para ter mais um segundo com a pessoa que eu amo, eu faria sem pensar duas vezes.”

Furioso com as ofensas proferidas pela primeira vez em dezenove anos pela filha, o pai grita ao levantar a mão bem alto para bater em seu rosto o mais forte que ele conseguir:

_“O que foi que você disse, sua puta inútil?! Você precisa ser punida! Acha que só porque está apaixonada, você pode fazer o que quiser, então revide esse tapa que eu vou te dar!”

Assim que o pai diz isso, toda coragem que Ayla juntou para enfrentá-lo se esvai, então na tentativa de se defender, ela entra em posição fetal esperando que o contato entre a mão do pai e o seu rosto.

_“Quem você acha que é para tentar bater na minha mulher assim, seu velho morimbundo?”

De repente sua mão é segurada de maneira firme e forte. Chocado com o acontecimento, o pai olha para ver o que está acontecendo. Um homem com mais ou menos um metro e oitenta e quatro de altura está parado em sua frente. Ele tinha um bom físico, aparentemente ele malhava, mas não era algo exagerado, ele parecia fazer algum tipo de esporte também, pela sua pegada parecia ser algum tipo de luta ou arte marcial. Ele estava vestindo uma camiseta lisa preta, acompanhando, havia uma calça jogger da mesma cor, um tênis esportivo de cor similar finalizava a vestimenta do rapaz. Ele tinha um cabelo liso e forte de tonalidade escura, sua pele amaro bem claro, quase um branco, seu nariz era fino e arrebitado, seus olhos eram puxados, ele claramente era um descendente asiático. O pai, então, encara o rapaz. Os olhos do jovem eram afiados como o de um gavião, ele estava determinado e extremamente irritado com a situação, seu peito estava estufado, suas pernas tinham um espaçamento entre elas, o garoto visivelmente tinha a guarda alta, pronto para entrar em ação, caso fosse necessário.
Depois de analisar aquele que estava em sua frente, o velho bêbado perguntou:

_“Quem é você?”

_“Você não precisa saber.”

Ao ouvir uma voz firme, marcante e aconchegante, cuja qual lhe soava familiar, Ayla abre os olhos e olha para cima. ‘Akira?! O que ele está fazendo aqui? Ele me seguiu?’ depois de ponderar um pouco, ela suspirou aliviada e pensou: ‘Na verdade eu estou feliz que ele tenha vindo até aqui.’, assim que ela pensou nisso, sua bochecha deu uma leve corada enquanto via aquela imagem de alguém majestoso e imponente protegendo-a, ele parecia tão legal!
Akira logo chutou o estômago do velho, que deu alguns passos para trás, por causa da força do impacto. Seguido do chute, ele soca com toda força o rosto dele, que está um pouco inclinado por ter seu despreparado estômago chutado. Sai um pouco de sangue da boca do velho, que logo cai no chão. Então Akira olha com desdém para aquele caído em sua frente e diz:

_“A partir de agora você não tem mais nenhum laço com a Ayla. Não a procure novamente, se eu souber que você a procurou depois de hoje, eu mesmo cuidarei de você.”

Akira pega o braço da abaixada Ayla e diz:

_“Vamos, você não tem mais o que fazer aqui.”

Contudo, surpreendentemente, Ayla diz:

_“Espere!”

Ela se solta de Akira e sai correndo. Ele surpreso com a ação de Ayla vai atrás dela para ver o que estava acontecendo, ao chegar em um cômodo bastante arrumado, para o padrão da casa, com alguns armários velhos e uma cama aos pedaços. Então ele vê Ayla afastando a cama, de repente surge um buraco que estava sendo tampado pela cama. De lá, ela tira um pedaço embrulhado de um plástico grosso e, ao desembrulhar, surge um livro de capa verde. Ayla bate levemente no livro para tirar um pouco da sujeira que havia caído no livro, olha para ele com um olhar apaixonado e diz:

_“Minha professora de línguas que me deu esse livro, foi através dele que eu entrei no mundo da leitura, fui capaz de conhecer e escrever o nosso livro, eu guardo esse livro comigo com muito carinho e amor, eu não poderia simplesmente esquecê-lo aqui.”

Ao ouvir aquilo dar um leve e doce sorriso e diz:

_“De fato, você não deveria esquecê-lo.”

Akira segura a mão de Ayla e leva-a para fora, onde tem um carro branco esperando por eles. A surpresa Ayla questiona:

_“Desde quando você tem um carro? Não, espera, desde quando você sabe dirigir?”

_“Hahaha esse carro não é meu, enquanto eu ouvia a sua história, eu pedi por um carro em um aplicativo de corrida privado. Pedi para o motorista que ele deixasse que eu levasse o carro desde o local de partida por uns dez minutos, disse para ele que era urgente, ele entendeu e colaborou. E quanto a dirigir, dirigir eu sei desde pequeno, mas eu ainda não tenho carteira de motorista, então…”

_“Dirigir sem carteira não pode, mas ver vídeos para adultos sendo menor de idade, pode, né?”

_“Quê?!” - Ao ouvir isso, Akira corou imediatamente.

_“Hahaha estou apenas brincando, mas enfim, obrigada por ter entrado nessa mentira que eu contei ao meu pai, e também por me defender dele, se não fosse por você, eu estaria agora chorando cheia de hematomas por todo o corpo enquanto fazia arroz com ovo para ele.”

_"Não há de quê.” - Akira sorri calorosamente e continua - “Ah, se tudo der certo, amanhã perguntaremos aos seus vizinhos se eles podem nos ajudar com testemunhas sobre o que você sofria em casa e denunciaremos o seu pai por agressão doméstica.”

Enquanto isso, o motorista, que estava no banco do carona, pensa: ‘Ah… Como é bom ser jovem.' 10 minutos depois disso, eles pararam o carro para trocar os motoristas e continuar a viagem.
Durante a viagem Ayla ligou para Christiane:

_“Alô? Christiane?”

_“Sim, precisa de algo?”

_“Desculpa por te ligar tão tarde, mas você conseguiria um hotel para eu ficar essa noite e durante essa semana, por favor?

_“Claro, sem problemas, eu ainda estou no trabalho de qualquer forma, daqui a pouco eu te ligo te dando o local e com as coisas para você fazer o check-in.”

_“Ah, você conseguiria uma casa no oriente para mim, por favor? Estou pensando em me mudar para lá em um ano.”

_“Sem problemas, passagens para quantos?”

_“Eu ainda não sei, podemos decidir isso mais próximo à data da mudança?”

_“Claro! Só para avisar, você não precisará levar nada além da sua roupa, ok? A casa já estará mobiliada.”

_“Certo. Obrigada, Christiane, você tem me ajudado bastante ultimamente.”

_“Não precisa se preocupar, estou aqui para isso.”

Desta forma eles continuaram a viagem até a casa de Akira. Quando Ayla recebeu as informações sobre o hotel, ela pegou um táxi e foi para lá. Como dito por Akira, no dia seguinte eles foram ver se os vizinhos poderiam ajudá-los, todos colaboraram e o pai de Ayla foi preso depois de um mês de processo. Na semana em que Ayla estava hospedada no hotel, ela procurou por alguma casa que ela pudesse alugar. Ela alugou uma casa moderada e não colocou muitos móveis nela. E assim se passou um ano, o livro deles ganhava cada vez mais elogios do público, desde a data de lançamento, o livro foi traduzido para mais seis línguas e teve mais duas reimpressões. Embora o sucesso de Ayla fosse muito grande, ela nunca deixou de se encontrar com Akira, eles iam à lugares comum, como o shopping, sorveterias e lojas de roupas, mas eles gostavam bastante de subir um monte que ficava bem próximo à cidade e ficar observando-a de lá, era uma vista realmente muito bonita. A montanha tinha gramas naturalmente bem baixas, como se fossem um tapete, era bem arejado e tinha uma árvore no topo. Depois que um ano se passou, os dois resolveram ir lá de novo, Akira já tinha terminado sua faculdade e Ayla começou a aprender programação por hobby.
Já era de noite a vista da cidade iluminada perante os olhos era algo magnífico, o vento que sopra era bem agradável e ar não poluído pelas invenções humanas era bem leve e confortável de se respirar. Por mais que eles quisessem ficar observando a paisagem por um pouco mais, já era tarde eles precisavam voltar, então eles levantam, foi nesse momento que Akira virou para Ayla, que estava já de costas começando a andar para sair dali, e a chama:

_“Ayla.”

A despreocupada Ayla vira-se para Akira e diz:

_“Sim?”

_“Eu lembro do dia que nós nos conhecemos, você estava sentada focada no seu primeiro texto, então quando você me notou ali, você ficou assustada e já estava pronta para gritar e sair correndo, mas ainda bem que a Sra. Adélia te contou o que estava acontecendo e te acalmou hahaha.”

_“De fato, eu já estava para correr e gritar que você havia me molestado hahaha.”

_“Mas o quê… Você…”

_“Bem, eu tinha que me defender de alguma forma.”

_“De fato, eu não posso te julgar.”

_“Claro que não! Mas por que você trouxe esse assunto à tona agora?”

_“Bem, é porque desde aquele momento eu vivi muitas aventuras com você, me diverti, passei raiva, cuidei de você, fui cuidado por você, perdi noites de sono, ganhei tardes de ouro. Tive uma aventura maravilhosa e se eu pudesse refazer tudo do início, eu não mudaria nada. Bendito o dia em que resolvi entrar naquela biblioteca. Quando entrei lá, eu só queria relaxar um pouco, mas acabei encontrando você. Nós começamos a escrever aquele livro juntos, e ele foi a melhor coisa que me aconteceu. Desde então eu passei a fazer quase tudo ao seu lado, e me dei conta de que eu não conseguiria viver sem você. Com você eu entendi que a vida é como um livro que vamos escrevendo aos poucos. Eu sei que eu estou em alguns capítulos do seu, assim como você está em alguns do meu. Mas agora eu gostaria de saber se a partir daqui você gostaria de começar a escrever os nossos capítulos juntos, você e eu, eu e você.”

Então Akira se ajoelhou na grama verde e úmida, tirou do bolso uma pequena caixa aveludada e de cor vinho, ele abriu a caixa e dentro tinha um lindo anel de ouro parecido com uma pequena coroa de princesa, na ponta do anel havia uma pequena jade verde posta, o que ressaltava ainda mais a beleza do anel.
Era uma noite fresca, nem tão fria e nem tão quente. O vento batendo nas roupas brancas com dourado de Akira o fazia parecer um príncipe, o cabelo sendo levado pelo vento deixava-o com um ar ainda mais digno, então, em meio a todo esse clima, Akira olha para Ayla, que estava igualmente majestosa, com seu vestido banco, uma armação preta que combinava perfeitamente com seu doce e pequeno rosto, seu cabelo voando dava-lhe uma aura graciosa, e assim Akira diz:

_“Ayla, você quer escrever um livro comigo?”

Ayla extremamente emocionada com a ocasião, coloca a mão no rosto incrédula e começa a chorar, então ela olha para Akira e diz:

_“Sim, eu quero escrever um grande e longo livro com você!”

Então Akira coloca a aliança na mão direita de Ayla, que pula nos braços de Akira e começa a beijá-lo apaixonadamente. Depois de um longo e doce beijo, Ayla olha para Akira e diz:

_“Eu achei que você nunca fosse me perguntar.”

Dessa forma os dois se tornam noivos e vão para o oriente, para a terra natal de Akira. Lá eles se casam e têm dois filhos. Ayla continuou escrevendo e fez mais alguns livros muito famosos, enquanto Akira não precisava trabalhar, mas trabalhava como programador de uma empresa de jogos indie. Ayla também programava, mas era só como um hobby, a coisa que ela mais gostava de fazer era passar tempo com a família. Os dois viveram uma vida apaixonada e feliz até o fim de suas vidas.
No leito de sua morte, Akira disse para Ayla, que estava deitada ao seu lado:

_“Amor, muito obrigado por fazer parte da minha vida, você foi a melhor coisa que me aconteceu, eu nunca me arrependi de ter te conhecido. Obrigado por escrever essa longa e maravilhosa história comigo.”
_“Oh, meu querido, eu digo o mesmo para você, se você não tivesse aparecido em minha vida, eu acho que eu não existiria mais hoje.”

Olhando para Ayla, Akira perguntou com suas últimas palavras:

_“Se você pudesse fazer um último pedido, o que você pediria?”

_“Um último pedido…? Eu quereria que na próxima vida eu pudesse escrever mais uma história com você.”

Akira dá um fraco sorriso para Ayla, que retribui da mesma forma, e, então, deitados em sua cama, os dois vêm a falecer.
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