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Starlight
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[Visão do Autor: Starlight] - Criando personagens carismáticos e complexos (1) Empty [Visão do Autor: Starlight] - Criando personagens carismáticos e complexos (1)

Dom Out 27, 2019 10:49 am
E aí, pessoal, como vão? Starlight aqui, trazendo minha visão sobre como construir personagens.
Irei postar dois tópicos ao todo. No primeiro deles (este aqui), vou falar de como criar as características de um personagem (a primeira dimensão). E, no segundo, vou discorrer sobre as outras duas dimensões necessárias para criar um personagem carismático e complexo (tridimensional).

Então, vamos lá!

Em primeiro lugar, é preciso entender que personagens são, antes de serem personagens, pessoas normais. Talvez eles sejam mais incríveis do que pessoas normais, porém, se comportam exatamente como eu e você: sentem raiva, tristeza e alegria, podem ser gananciosos, excêntricos, tímidos ou bondosos. Podem trabalhar criando feitiços de magia negra ou fazendo doces numa confeitaria. Enfim. As possibilidades são infinitas, e essa é a melhor parte de se começar um projeto.

Antes de começar a falar sobre como dar carisma e complexidade a um personagem — porque isso não é nada fácil —, vamos começar com o básico.
A primeira dimensão, que trata das características visíveis do personagem.

Primeiro faz-se o esboço. Qual o objetivo dele?

Essa é a parte mais importante, pois muitas vezes o enredo e as características do personagem vão se desenrolar com base nesse objetivo.

Vamos supor que eu queira criar um assassino em série, cujo objetivo é matar o maior número de pessoas sem ser pego pela polícia, com o intuito de satisfazer seu desejo de sangue. (Ficou meio obscuro, mas é só um exemplo rsrsrs).

Agora que você tem o objetivo, já deve ter em mente como seu personagem será e, uma vez que você o conhece, deve pensar em seus três tipos de características: as físicas, as sociais e as psicológicas.

Vamos construir esse serial killer mais a fundo.

Podemos separar as características físicas em alguns campos. Temos:

Corporais. Olhos, cabelo, altura, pele, marcas de nascença, machucados etc. Que tal um assassino bonito, loiro, de olhos verdes, alto e com uma cicatriz na nuca? Parece interessante enganar as pessoas pela aparência.

Vestuário. Ele pode gostar de andar com um laço rosa enfeitando a cabeça, porque alguém uma pessoa muito especial lhe presenteou com esse acessório. Ou ele pode usar botas de couro em qualquer ocasião, porque assim é mais fácil para ele correr numa floresta, enquanto caça suas presas. Enfim, o assassino pode estar usando uma jaqueta de pelos de urso, botas e um laço rosa na cabeça (por que não, né?).

Limitações físicas. Ele pode ser surdo, cego, incapaz de correr dez metros sem se cansar, ter câncer, asma, diabetes, etc. Se for cego, talvez ele precise de uma bengala para se locomover. Que tal um assassino asmático, que anda sempre com uma bombinha?

Habilidades físicas. Aqui estamos falando de superpoderes ou habilidades comuns (algo em que ele seja bom) como ser veloz, inteligente ou forte. Vamos fazer um assassino veloz e forte para subjugar suas vítimas.

Perceba que as características físicas sempre acarretam numa consequência. Você não vai querer criar um personagem sem sal, nem tempero, mostrando apenas as ações dele. Aquilo que você dirá sobre as características físicas deve ser essencial, nunca jogado no texto só porque o autor achou maneiro algum vestuário por aí e quis colocar na história. A regra na escrita é: se não é importante para o enredo, então pode ser cortado.

As características sociais tratam das interações que o personagem tem com o mundo exterior.
Nosso serial killer pode ser um cirurgião renomado, que tem uma família da qual ele esconde seu lado negro. Nos fins de semana, ele gosta de caçar e pescar com os amigos. E, quando está sozinho, gosta de ler livros sobre tribos indígenas canibais e assistir à televisão.

Então, quando falamos das características sociais, estamos construindo as inter-relações que o personagem vai ter com o mundo e os outros personagens que estão nele.

Por fim, temos as características psicológicas.
Ah, essa é fácil: se trata da personalidade dele! Ele é bondoso ou egoísta? Introvertido ou extrovertido? Só preciso escolher algum traço e é isso. Estarei feito, correto?
Errado.

Nessa dimensão deve-se sempre lembrar que seres humanos nunca podem ser definidos por apenas um traço de personalidade. Quantas pessoas você conhece que são sempre egoístas ou sempre tímidas? Nós somos complexos e o mais importante são os traços de personalidade que surgem de repente, ou seja, aqueles mais inesperados!
Imagine: alguém que aparenta ser tímido e triste a todo momento, mas que no fim de semana, coloca uma máscara de palhaço e trabalha num circo. Ou quem sabe, uma pessoa calma e pacífica que é a primeira a gritar e ir para guerra quando um amigo está em perigo.

O trabalho do autor é surpreender o leitor. Todas as características estão sempre ligadas, e você pode aumentar o nível de complexidade do personagem justamente dosando cada uma delas: talvez o palhaço tímido citado anteriormente trabalhe nesse circo, porque na verdade sofre de dependência química, e aquele é o único momento em que ele sente fazer algo decente na vida? Bem, nesse caso, o personagem tem um objetivo conflitante com o seu backstory social: apesar de ser um dependente químico e se isolar da sociedade por conta disso, deseja fazer as pessoas felizes. É desse jeito que se constrói verdadeiros dramas.

Para finalizar nosso assassino em série, podemos dar a ele uma personalidade gentil e extrovertida, mas que se torna brutal no momento de matar. Voilá. Temos um serial killer construído.

Porém, por enquanto, o serial killer é apenas um bolo sem recheio. Um pedaço de papelão cortado na forma de um homem. Nós ainda não definimos qual a história de vida dele ou quais serão suas atitudes para com o mundo. Por exemplo, por qual razão ele se tornou um assassino? Será que um dos amigos dele, com quem ele pescava e caçava no fim de semana, disse algo que ele não gostou, assim criando nele um desejo incontrolável de matar? Será que ele sofria bullyng na infância, por isso decidiu acabar com seus valentões?

É preciso, portanto, se aprofundar nas outras dimensões de um personagem: backstory e escolhas.
Por hora, é só isso. Espero que tenham gostado e que o texto seja útil em sua jornada para criar personagens. Até a próxima!

Paragon, Eddwolf, ViniTad, Capivara de Saia, Algorithm, Lúmen e Hikaru Sakata gostam desta mensagem

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