Web Novels Brasil (Desativado)
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Ir para baixo
avatar
Julio
Mensagens : 1
Data de inscrição : 12/04/2021

Caidos Do Núcleo: Nas Chamas da Corrupção Empty Caidos Do Núcleo: Nas Chamas da Corrupção

Dom Jun 20, 2021 12:50 pm
Caidos Do Núcleo: Nas Chamas da Corrupção O_nucl10

CAÍDOS DO NÚCLEO
CONTO: NAS CHAMAS DA CORRUPÇÃO

         Samael estava caminhando por entre detritos, olhando para qualquer lugar onde ele possa encontrar algo útil, o cenário em sua volta é algo que vem o assombrando nos últimos anos, a maioria das casas presentes estão queimadas, o calçamento das ruas que geralmente eram feitos de pedra-lua no qual iluminavam o ambiente em noites escuras estavam derretidos, todo o local está coberto com uma camada de fuligem, mas como ele não sente o cheiro de fumaça, isso implica que o que aconteceu neste lugar passou a muito tempo, o que o deixa bastante aliviado, ele consegue ver alguns móveis presentes em algumas casas, talheres, até mesmo os inúteis objetos movidos a umbra, alguns foram destruídos, outros parcialmente danificados e uma pequena parte intactos. Arranhando os braços tentando diminuir a coceira ele deduz que as pessoas desta vila provavelmente não tiveram tempo para fugirem com seus pertences, o homem espera que apenas tivessem deixado os objetos de valor e fugissem pelas suas vidas, embora provavelmente não conseguissem.
         Continuando sua busca, o estômago de Samael ronca o lembrando que não se alimentou de nada além de cogumelos ou carne de distorcido por mais de duas semanas, ele espera tanto que tenha sobrado alguma comida conservada neste esqueleto de aldeia, embora a maioria das formas de conservar os alimentos se tornou inútil ou ainda pior, se tornou perigoso, ainda existem alimentos que foram processados sem precisar de umbra para se manterem frescos por bastante tempo, e ele espera poder ter a sorte de encontrar algum desses, mas muito provavelmente esses alimentos já foram saqueados por outros grupos de refugiados.
A principal coisa que as pessoas buscam agora é alimento, a forma mais segura de conseguir seria colher frutas ou plantar. Depois que a umbra do núcleo ficou estranha todas as nações do mundo caíram, instaurando caos na sociedade que já estava caótica, isso fez com que todas as pessoas que sobreviveram aos primeiros anos da loucura virassem nômades, refugiados em busca de uma terra onde a paz é garantida, isso fez as pessoas com terras cultiváveis ou tivessem plantado alimentos que fossem um pouquinho comestíveis seriam invadidas e saqueadas.
         Samael não criou essas esperanças tolas, o mundo enlouqueceu, muitas pessoas falam que o criador se enfureceu com a humanidade e agora o mundo está no seu fim, que os Metas são a forma da humanidade pagar por seus crimes, até alguns loucos fanáticos procurando se tornar Metas para segundo eles trazerem julgamento ao mundo. “Loucos, loucos, a humanidade inteira está ficando louca igual aos Metas”. Ele se lembra quando os tempos eram calmos, antes de toda aquela guerra estranha, a falsa vitória e o caos completo. Ele vivia tão feliz, como apenas um cidadão comum de Alfhain, sonhando com o dia em que se tornaria um mago, mas tudo isso acabou.
         Após o término da guerra duas pessoas sumiram, a Chave e o líder inimigo, ninguém sabe seu real nome então todos os chamaram de Devorador, isso causou preocupação inicialmente mas vendo que a guerra finalmente acabou as pessoas fizeram festas celebrando a vitória de um conflito que quase levou metade do mundo a ruína. Foram nas celebrações que algo que prometia revolucionar a sociedade aconteceu, os primeiros canalizadores além da Chave surgiram, e ainda poderiam se espalhar, através da mordida as pessoas poderiam receber a habilidade de canalizar.
Quando Samael estava no início do seu treinamento nas artes da umbra foi quando tudo começou, ele estava aprendendo a forma tradicional de usar-la, absorvendo ela da atmosfera e guardando dentro de si, é claro que ele não tinha a habilidade de canalizar ao contrário da maioria das pessoas na instituição que aderiram a essa tendência devido aos óbvios benefícios, nunca precisar se preocupar com a quantidade de umbra presente no corpo, ele inicialmente foi proibido pelo seu professor a buscar essas novas formas, apenas quando se formasse na antiga forma ele poderia ganhar a habilidade de canalizar, algo que inicialmente não gostou mas hoje ele agradece profundamente ao seu professor por isso.

—————————————————————————————————————

         Andando pela escola com alguns de seus colegas, alguns que estavam com ele também não aderiram a se tornar canalizadores, Samael e seu grupo tinham acabado de sair da aula de paralelização de ondas de umbra, quando um dos seus amigos começou a reclamar.

— Pascal, você não precisa canalizar sempre, isso está me dando coceira, para de se exibir e desligue logo essa forma de merda.

— Estou achando que alguém está com invejinha que eu posso canalizar e fico com uma aparência estilosa hahahah.

         Seu amigo Pascal apenas retruca soltando piadas, ele tinha se tornado um canalizador a poucos dias, então estava muito feliz mostrando a todos sua forma quando canaliza. Até mesmo o próprio Samael achou bonito, listras cinzas em volta dos braços, algumas no seu rosto em um padrão bagunçado mas belo, e as orelhas pontudas.

— Ahh cala a boca, ninguém consegue ficar perto de vocês quando canalizam, dá coceira demais, até o ar da coceira, Criador! O que aconteceu com o ar?

— Meu professor falou que isso tem haver com a umbra, todos vocês sabem como ela está estranha, embora estejamos usando pouco, e você deveria estar limitando sua canalização também Pascal. Eu por exemplo não me sinto totalmente bem quando começo a absorver a umbra do ar.

         Um dos outros colegas de Samael responde as reclamações de Pascal, Samael anda sentindo muita coceira, principalmente dentro da instituição, um grande acúmulo de umbra na atmosfera está o deixando vermelho que nem uma pimenta, ele não sabe o motivo, mas isso é algo que todas as pessoas que ele conhece reclamam, como o seu professor Obyn falou “Sempre um benefício vem com um malefício”.

— Vocês são chatos, isso deve ser temporário, imagina tantas coisas maravilhosas que poderemos fazer agora, temos acesso a umbra infinita, nada mais de ficar medindo a umbra usada com medo de esgotar a armazenada, poderemos entrar em uma nova er…

         Pascal para de falar enquanto olha para o fim da estrada, uma multidão de pessoas está reunida. Samael e seus amigos se calam enquanto se aproximam, vozes acaloradas são ouvidas do grupo, quase como gritos, a coceira que Samael está sentindo aumentou ainda mais. Ele percebe que tem algo de errado, a umbra está muito agitada. “Tem pessoas lutando?”.
Quando chegaram no grupo de pessoas eles perceberam que tinham dois professores lutando, a uma distância segura, eles soltam rajadas de fogo, relâmpagos e outras ataques, usando um pouco da umbra armazenada no seu núcleo em seus olhos sua visão se abre para um novo mundo, fluxos de umbra na atmosfera fluem como rios, mas o que mais assustou Samael foram os sinais de umbra que os professores estavam criando, tão complexos que quase ele não conseguia acompanhar.
Outros professores também estavam ajudando dando suporte ao professor, os dois que lutavam estavam canalizando, era visível quando canalizavam devido as listras cinzas, em volta deles estavam runas fornecendo proteção às pessoas de fora.

— Vocês, o que estão fazendo aí ainda? Eu já mandei vocês irem embora, vão, não tem nada para ficarem vendo.

         Obedecendo a um instrutor que estava próximo ele vai embora, as outras pessoas presentes também vão, mas relutantes. Eles confiam nos professores, então não imaginam que podem acabar se ferindo. Ao perguntarem às pessoas presentes, eles ouviram que um professor do nada começou a rir histericamente, atacando as pessoas sem motivo, rindo e balbuciando algo sobre o Pêndulo da Alma. Depois disso o grupo de amigos vão embora e ficam discutindo o ocorrido, isso era algo novo para eles, nunca viram professores brigando desse jeito. Ao se distanciar o professor que estava sendo contido fica rindo histericamente, seu riso acompanha os amigos em seu caminho de volta
         Naquele dia eles não imaginavam que as coisas iriam piorar, a cada dia que passava mais professores, ou alunos teriam que ser detidos, eles mostravam um comportamento estranho, ficavam rindo, ou mostravam um alto grau de psicose, choravam ou outras ações de distúrbio mental. Às vezes não eram nem mesmo canalizadores que enlouqueciam, até mesmo magos comuns ficavam loucos.
Isso levou aos diretores da instituição proibir a canalização, ou a absorção de umbra, já que era a principal suspeita, depois que foi constatado que a umbra estava corrompida, as pessoas ficaram desesperadas, mas os casos de pessoas enlouquecendo só aumentaram. Como se tentassem tampar a água de uma represa com uma tampa, todos foram atropelados pelo que aconteceu a seguir, pessoas comuns, governantes, magos, boa parte da população veio a óbito, muitas pessoas comuns conseguiram canalizar, os exércitos de países começaram a fazer isso até que foi descoberto a corrupção na umbra, e quando todos eles começaram a enlouquecer, eles trouxeram a primeira quebra no mundo.
         Rios secaram, montanhas foram derrubadas, planícies inundadas, cidades destruídas, florestas queimadas, oceanos secos, montanhas erguidas e tudo isso enquanto homens e mulheres loucos pela corrupção do núcleo, a alma do mundo, ardiam em chamas enquanto sorriam e choravam. Se choravam por sua loucura, pela destruição do mundo, ou os dois, isso não se sabe.

—————————————————————————————————————

         Samael felizmente encontrou a comida que ele queria, algumas latas contendo comida conservada, felizmente não estavam danificadas. Ele guardou o máximo de comida em sua bolsa surrada e relutantemente deixou o resto na vila, Samael queria levar tudo com ele, mas não tem o espaço para levar todas, e ele não se ateve de ficar muito tempo dentro da vila, isso é um chamariz para problemas, além de refugiados que podem chegar a qualquer momento, é um local que os Metas visitam com frequência, ou até mesmo um distorcido.
         Com tudo arrumado, Samael vai para fora da vila, seguindo uma rota diferente da qual entrou, ele para quando um pouco mais distante vê ossos, muitos ossos de pessoas. Eles eram muito provavelmente pessoas da vila que não conseguiram escapar. Mesmo depois de ver a mesma cena muitas vezes ainda lhe causa tristeza, e esse sentimento o consola, pois prova que ainda ele é humano, não se tornou um monstro insensível do qual pensa em apenas sobreviver.
— Criador, rogo que alma dessas pobres pessoas estejam com o senhor, por favor, que a mácula do núcleo seja limpa…

         Samael para de orar, ele não sabe mais o que pedir, depois que o Núcleo de corrompeu, ele se viu uma pessoa mais ligada ao criador, tantos pedidos ao alto, mais parece que o criador não liga para seus apelos. Parece que a humanidade foi deixada de lado, agora eles terão que se virar por conta própria.
Depois dessa breve oração, ele consegue reunir todos os ossos, pelo menos os que ele encontrou, deu trabalho, parecia que eram por volta de cem pessoas, que vieram a óbito, ossos de todos os tamanhos, pequenos, grandes. Isso o fez suspirar de pesar. Quando reuniu todos os ossos, ele realizou o rito padrão para cremação, embora de forma bastante simplória. Improvisando uma pira, ele colocou fogo, cremando os ossos, ele usou de uma pequena ajuda usando um pouco de umbra da atmosfera.
Embora ele não queira usá-la, ainda existem coisas que precisam ser feitas. Mas são feitas com o máximo de cuidado, se Samael não absorver a umbra corrompida ele não absorve a corrupção, então ele apenas usa runas para essas tarefas, como criar fogo, congelar ou algo que ele precisa, já que apenas precisa mover a umbra na atmosfera com sua força vital até a runa, é claro que ele perde um pouco de força vital, mas é muito melhor do que ficar louco, além de que com descanso a força vital é rapidamente recuperada.
         O sol já estava próximo ao crepúsculo, quando finalmente saiu da vila, na sua frente o sol na sua reta final, e nas suas costas, labaredas de chamas rugindo em desafio ao céu. Ao entrar na floresta ele caminhou até encontrar um local para passar a noite, felizmente encontrou uma pequena clareira, ela estava escondida o que agradou muito. Preparado um local para dormir, além de esconder muito bem a fogueira, ele prepara sua refeição. Abrindo a lata, e fervendo o conteúdo dentro, ele quase chora, faz tanto tempo que ele não comeu tão bem, embora seja comida pré-pronta, que apenas precisa aquecer lhe parece ser a melhor refeição que comeu na vida.
O sono demorou para vir, imagens da vila circulavam pela cabeça de Samael, assim como as lembranças dos tempos tranquilos. Quando o sono chegou veio com sonhos nada agradáveis, eram memórias, memórias de quando tudo isso começou, quando a capital de Alfhain caiu. As pessoas corriam pelas ruas, querendo fugir para qualquer lugar. As pessoas já sabiam que a umbra fora corrompida, agora todos estavam apreensivos com os magos que eram os principais usuários, e é claro foram os primeiros e a maior porcentagem dos enlouquecidos, um pouco atrás deles foram os soldados.
         Sons de explosão eram ouvidos por quase toda a capital Inriath, enquanto a população fugia para qualquer lugar, se escondiam onde podiam, os magos, exército, ou outras instituições responsáveis tentavam conter os enlouquecidos, até mesmo os matando. Samael estava correndo pelas ruas, enquanto passava ele percebia corpos carbonizados de pessoas, sangue escorrendo, prédios em chamas, ou tombados. Poeira e fumaça eram quase onipresentes, fazendo Samael usar uma máscara simples, ele não ousaria usar uma com filtro energizado a umbra, não se sabe como a corrupção funciona então é melhor evitar.
Correndo ainda mais rápido, ele ouve um som de explosão nas suas costas, enquanto uma cortina de fumaça lhe cobre, mais um prédio é demolido, por sorte foi a uma distância segura, sua coceira aumenta e depois sons de batalha são ouvidos atrás ficando mais fracos a cada passo que ele dava. Depois de muito correr, ele entra em um campo aberto, as enormes árvores de Kanto embelezam o lugar, e perto de uma das raízes gigantescas está um alçapão, no qual abre a um jogo de escadas, ele entra no local, descendo as escadas com a iluminação apenas de tochas, “Quão arcaico, eu nunca iria pensar que cairíamos ao ponto de usar tochas comuns, que saudade das lâmpadas ou dos fluxos de auto carregamento de umbra”.
         Ao descer as escadas, Samael é recebido por duas pessoas, um garoto da sua idade e uma garota. Os dois estão com aparência cansada, um tanto abatidos, bastante sujos, mas mantém a compostura, ele os cumprimenta e fala sobre a situação fora, sobre os grandes Ajins caindo do céu, destruindo ainda mais a cidade, a população apavorada, as lutas, todos enlouquecendo.

— Então até o rei enlouqueceu e matou toda a realeza? Não sobrou nenhum sucessor ou alguém para colocar ordem na situação?

— Eu acho difícil Jasmin, a principal força no mundo eram os magos e quase todos estão sob observação, mais de cinquenta por cento de nós ficaram loucos nesse período, nós mesmos não temos forças para nos defender, ou então iremos ficar loucos, sinto que mesmo sem absorver a umbra estou ficando louco.

— Precisamos ter calma nessa situação Duman, e pior ainda, mesmo entre as pessoas que lutam contra os loucos, ficam loucos também. Vamos deixar de falar disso, como está a pesquisa? Descobriram alguma coisa com Pascal? — Pergunta Samael, ele atualmente está preocupado com o amigo, mas ele tem trabalho a fazer.

— Nada ainda, ele está começando a mostrar sinais da fase terminal da loucura, demos sonífero a ele, já que estava reclamando de insônia, ele falou que vem tendo sonhos estranhos. Criador! O mundo realmente está acabando, vamos todos ver o fim do mundo hahahah… — Duman dá uma risada sem jeito, com uma cara de pesar.

— O mundo não vai acabar, não ainda, não agora! Samael, venha comigo, temos coisas a discutir — Quem responde a Duman é Olívia que tinha acabado de chegar, uma senhora dos seus sessenta anos de idade, no qual era professora da instituição.

         Fazendo uma pequena saudação a professora o grupo se separa, com Samael seguindo a senhora até uma pequena sala com muitos papéis empilhados sobre uma mesa, e várias pilhas jogadas nos cantos, com uma estante cheia de livros, com cuidado para não pisar em nada Samael entra na sala e senta em uma cadeira. Olívia também toma seu assento frente a ele, depois de entregar os materiais que Samael tinha e falar sobre a situação lá fora, ela começa.

— Samael, eu te chamei aqui porque queria te pedir um favor, mas primeiro você deve saber de uma coisa, isso é algo que só falei para meus pais — Não esperando Samael responder ela continua — Eu tenho um dom, e esse dom é relacionado a ver o futuro. Mas ao contrário dos dons de previsão que as outras pessoas têm, o meu é um pouco diferente — Essa afirmação deixou Samael surpreso, é claro que existiam pessoas que conseguiam ver o futuro, geralmente eram profetas que predizem catástrofes, ou outras coisas assim — Eu não sei explicar, mas ela é diferente dos outros, eu não consigo conscientemente ver o futuro e sim tenho flashes de momentos futuros, mas eles são altamente precisos, ao contrário dos outros.

         Depois de uma pequena pausa, a professora Olívia volta a falar.

— Bem eu lhe contei isso porque eu vi o futuro, e quero que você faça algo por ele. O que eu vi não foi a conclusão e sim o desenvolvimento do fim, o mundo estará no seu fim até a conclusão, onde será tudo ou nada, se seremos salvos ou destruídos. O que consegui ver disso quase não foram imagens, mas sim textos. E eles diziam. “Poderes novos irão surgir, antigos voltarão, e uma força ancestral irá nascer. O Estrangeiro irá cortar as cordas do destino que prendem o mundo na sua destruição. O Sol e a Lua irão dançar no céu, essa dança irá trazer salvação e destruição. O físico se juntará ao espiritual, o físico brincará com o metafísico e dele surgirão grandes coisas. O filho da noite caçará mais uma vez e a filha do verde irá estabilizar o destino. Enquanto a filha da guerra irá percorrer os campos de batalha banhada em sangue.”

         Samael sentiu os pelos do braço se arrepiarem ao ouvir, embora ele não tenha ideia do que ou quem eram essas pessoas citadas além do filho da noite, mas  algo é certo, o mundo ficará bem pior do que está agora, ele queria perguntar muitas coisas, mas apenas ficou calado esperando ela continuar.

— Isso foi o que eu recebi como iluminação do futuro, e eu te peço duas coisas, nunca fale sobre isso a ninguém, absolutamente ninguém. Primeiro, você pode estar em perigo contendo essa informação, segundo eu tenho medo que se espalhar esse fato o futuro possa ser de alguma forma alterado e não quero isso — Samael concorda com um aceno de cabeça — Certo, agora o assunto principal, eu quero que você guarde o máximo de conhecimentos que temos sobre umbra. Eles serão úteis no futuro. Eu sei que você se importa com os conhecimentos que acumulamos por milênios, então eu deixo a tarefa para você os salvar e guardar. Eu sei que vai ser difícil, mas isso é para o nosso bem.

— Professora, eu aceito essa tarefa, só quero perguntar duas coisas, no futuro você viu, eles venceram e porque eu?

— Eu não sei, não vi o final, mas uma coisa eu sei, não confie em ninguém, o mal que eu vi está presente em todos os lugares, inclusive aqui e agora. E porque escolhi você, mesmo se eu não pedisse, você ainda iria fazer algo pelo futuro, mas agora você terá algo para focar. Vá descansar, e que o criador tenha pena de nossas almas.

Com a cabeça cheia de pensamentos sobre o futuro e sua situação atual, sobre como cumprirá a tarefa que lhe foi dada, ele sai da sala da professora e se encaminha para o local onde Pascal está confinado. Para melhor descrever o local seria uma cela, com muitas comodidades, uma cama muito boa para os padrões atuais, e algumas mobílias. Ao se aproximar ele é detido por dois guardas, que deixam entrar depois de falar o motivo da visita e realizar alguns procedimentos básicos.

— Você não pode passar mais que trinta minutos junto do Meta, lembre-se, alto teor de umbra na atmosfera pode deixar até uma pessoa comum louca se exposta por muito tempo. — Um dos guardas lhe dá o aviso, ultimamente alguns pesquisadores mostraram distúrbios mentais ligados diretamente à corrupção da umbra, visto que os Metas passivamente liberam umbra corrompida do núcleo e isso aumenta quando canalizam.

— Obrigado pelo aviso, serei rápido.

         Depois de se despedir dos guardas, ele entra no local encontrando um Pascal um tanto aborrecido na sala brincando com uns gravetos, com cara bastante doentia, seu rosto está magro e o tom da pele bastante pálido. Com uma grande coceira ele vê seu amigo, seu coração dói ao ver nesse estado, mas não tem nada que eles possam fazer por enquanto, a comida está escassa e eles não encontraram nenhuma cura para a corrupção.

— E aí, está querendo apanhar uma mosca com esses gravetinhos aí? — Samael faz um pequeno gracejo sem jeito para o amigo. Como se não tivesse percebido seu amigo chegar, Pascal olha na direção de Samael e o cumprimenta.

— Eu fui lá fora, e estava bem complicado haha, lembra quando éramos crianças e sonhávamos correr por aí derrubando caras maus? Quando descobrirmos uma cura iremos fazer isso nós dois — Samael terminou de falar, esperando ver alguma reação mais enérgica do amigo. Ele estava começando a se preocupar.

— Eu não serei curado Samael, nós nunca seremos curados, Ele vai corroer o mundo até o seu fim. Iremos corroer o mundo até o fim — Pascal olha para o amigo, uma pitada de loucura pode ser vista, Samael começa a ficar com medo do amigo, a coceira nos seus braços apenas aumenta a apreensão que ele está sentindo — Sabe… eu entendi, finalmente entendi o porque disso tudo. Eu vi Samael, eu vi… O Núcleo, ele é tão belo, camadas sobre camadas. Umbra infinita fluindo de lá permeando toda a criação, eu vi, chamas azuis corrompidas de preto rugindo no centro, e eu vi, uma sombra envolvendo tudo. Você não sabe, ninguém sabe, não somos nada para isso, para Ele, não podemos fazer nada, apenas submissão. Hahahahaha, eu vi, eu vi, o Pêndulo da Alma, no seu arco infinito, mas ele agora gira e gira… Ele gera luz e trevas. A luz que iluminava o mundo está sumindo tão rapidamente, ficaremos no escuro, eu ficarei no escuro, todos juntos, enquanto o mundo irá arder na corrupção hahahahah.

         Enquanto estava ouvindo o que Pascal falava, Samael foi em direção da porta, se afastando o máximo que podia do seu amigo. Ele está claramente louco, pelo menos ele está confinado em uma cela e impedido de canalizar, isso o alivia por que a base estaria atualmente com graves problemas. Enquanto ele sai da sala e fala para os guardas a situação, ele ainda ouve seu amigo falar, na verdade ele está gritando para ele.

— SAMAEL, NÃO TEMOS PARA ONDE FUGIR, ESTAMOS INCOMPLETOS, ELE VIRÁ, O SOL E A LUA TERÃO QUE SE UNIR MAIS UMA VEZ, E ISSO NOS BANHARÁ EM GLÓRIA HAHAHAHAHAHAHAHAH.

Enquanto ele se distanciava o máximo possível do amigo seus gritos o acompanhavam, quase como se lhe desse um ultimato.

— ACORDE SAMAEL, ELE ESTÁ EM TODO LUGAR, ACORDE SAMAEL! ELE ESTÁ AQUI! ACORDE, ACORDE!

         Enquanto passava pelos corredores ele ouvia “ACORDE” de todas as pessoas presentes, e sua coceira começou a subir a níveis alarmantes, todo seu corpo ardia, pinicava, como se agulhas estivessem perfurando cada um dos seus poros. Então ele acordou em sua clareira, o fogo estava apagado, e o ar frio da noite o envolvia, a lua estava cheia no céu, banhando o local com luz prateada. O sonho que acabou de ter lhe retornou as lembranças do passado, mas ele não lembra das pessoas o pedindo para acordar, e de toda aquela coceira… Espere! Ele ainda está sentindo toda aquela coceira.
         Samael entra em alerta máximo, tem algum Meta ou Distorcido por perto, e julgando pela coceira ou são muitos ou o que vem é muito poderoso. Não querendo correr riscos, Samael encontra um pequeno arbusto e se esconde esperando o que quer que estivesse vindo aparecesse ou melhor ainda, fosse embora. Mas ele não precisou esperar muito tempo, pouco tempo depois de Samael se esconder o som passos pesados foram ouvidos, eles ficavam mais altos quanto mais tempo passava. Samael ficou apreensivo, esse barulho mostra que é um Distorcido e um muito grande, o bom de lutar com Distorcidos é que eles geralmente mostram uma inteligência rudimentar ao contrário dos Metas.
         Depois de mais alguns segundos Samael vê o Distorcido, e isso arrepia todos os pelos do corpo, não por causa da umbra e sim por puro terror. “QUE O CRIADOR TENHA PIEDADE DA MINHA ALMA! É UM GOMUN!”, Samael pensa consigo mesmo, a criatura que vê na sua frente é gigantesca, andando sobre quatro patas, com longas asas presas nas costas da criatura, penas cinzas revestiam alguns locais como asas, uma cauda longa e cabeça com focinho alongado, cheio de dentes afiados. Essa criatura não existia antes da corrupção do núcleo, depois disso houveram boatos sobre criaturas voadoras altamente perigosas e enormemente poderosas, mais poderosas que Metas e pior, altamente inteligentes, e agora tem um na frente de Samael. “Que bela sorte eu tenho! O criador com certeza gosta muito de mim!”.
         Samael ficou calado enquanto via o gomun ir em direção a fogueira, ela parou onde estavam os suprimentos que ele pegou da vila, e ele não pode deixar de xingar mentalmente o monstro, ele espera que o bixo não o encontre, ou melhor ainda, não esteja louco e comece a atacar qualquer coisa que ver. Felizmente antes de se esconder ele conseguiu pegar uma bolsa com suas armas, dela, ele pegou algumas placas de metal de tamanho próximo a uma mão humana, nela tinha várias runas gravadas, apenas esperando serem usadas. Enquanto Samael estava tenso, o Distorcido calmamente cheira a bolsa e com a garra rasga e se prepara para comer, mas o gomun para e começa a farejar o ar.

— SAIA DAÍ, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ, HMMM… HUHUHU BRINCANDO DE ESCONDE ESCONDE COMIGO HUHUHUHUHU, O GATH BRINCAVA ASSIM COMIGO ANTES, FOI A QUANTO TEMPO? EU NÃO SEI, EI! VOCÊ JÁ VIU O NÚCLEO? ELE É TÃO BELO, ATUALMENTE ESTÁ TÃO ESTRANHO, LEMBRO QUE MEU PÊNDULO DA ALMA ERA DIFERENTE… HUHUHUHUHU ESQUECE, ELE NOS PROMETEU O MUNDO. SEREI BONZINHO, SEREMOS BONZINHOS HAHAHAH. — A criatura fala com uma voz rouca e profunda, o som parece arranhar os ouvidos de Samael. — GATH ERA ASSIM COMIGO, SAIA, SAIA, VOCÊ É COMO ELE, TODOS SÃO, ELE ME TRAIU, NÃO POSSO CONFIAR EM NINGUÉM, NINGUÉM! SIM, SIM! TEREI QUE MATAR TODOS ELES, ELES MERECEM! TALVEZ ELE ME BANHE NA SUA GLÓRIA.

         Samael congela, ele não sabia que esses monstros podiam falar e só o criador saberia do que o monstro está falando, o gomun louco está se aproximando dele, a criatura para a poucos metros e começa a rosnar para o arbusto, mas antes que ela possa fazer qualquer coisa, Samael espalha sua força vital na atmosfera, capturando e movendo a umbra em direção a um cartão com runa em sua mão. Uma bola de fogo se materializa em direção a criatura, mas ela nem é ao menos atingida, uma barreira de ar encontra a chama e a apaga. A criatura visivelmente está preparando sinais para lidar com Samael, o que rapidamente foge do arbusto, tentando ao menos escapar. Carregando as runas presentes nos seus sapatos, sua velocidade de corrida duplica. Isso era algo tão comum antes, mas agora só é usado como último recurso.
         Na corrida Samael carrega uma runa que está em seu colar, quando carrega seus olhos se abrem para um novo mundo, a umbra na atmosfera está louca, fluindo descontroladamente no ar em altas quantidades, com isso pelo menos ele conseguirá ver os sinais produzidos pelo monstro. Na corrida ele fica com esperanças de escapar, mas é rapidamente quebrada quando na sua frente o monstro desce do céu em um baque, Samael quase não tem tempo de se esquivar das chamas lançadas em sua direção.
         Samael percebeu que não tem chances de escapar, a única forma de escapar vivo é lutar e vencer, mas como ganhar de um monstro desse é o problema. Ele olha atentamente ao gomun, como agora ele pode ver a umbra ele conseguiu ter noção do poder da criatura, a criatura emanava quantidades absurdas de umbra, preenchendo o redor com energia, ela com certeza está canalizando. Ele tinha retirado sua espada na corrida, agora estava em postos. Embora simples, ela tinha runas incrustadas, que permitiam maior poder de perfuração, corte e outras habilidades. Preparando os cartões ele começa a mover a umbra para várias runas ao mesmo tempo.
         Ele não espera o próximo movimento do monstro e corre em direção a criatura em altíssima velocidade, movendo umbra para as runas na espada ele às ativa uma por uma, mais perfuração, mais impacto, mais afiação. Plasma branco envolve a espada, deixando a temperatura local muito alta. Samael constatou que a principal fraqueza aparente da criatura seria sua mobilidade, embora ele possa canalizar, e usar muito mais umbra que Samael, ele ainda está limitado pelo seu corpo gigantesco, mover um corpo desse tamanho com certeza requer mais força deixando seus movimentos lentos e desleixados. Usando seus movimentos rápidos com a espada, ele corre em direção ao pescoço do monstro, pelo menos é o ponto aparente mais frágil e fatal.
         Enquanto se aproxima do monstro Samael percebe que o gomun está criando sinais de umbra, vários filamentos de umbra vibrando em diferentes frequências, percebendo os fluxos Samael percebe que ele irá atacar um ar, já que todos os fluxos tem uma vibração mais constante. Na tentativa de impedir qualquer ataque relacionado a isso, Samael energiza mais três cartões com runas, primeiro ele cria uma rede de ar até o Distorcido, e os outros dois cartões são usados para proteção, eles criaram um escudo em volta dele.
         O gomun rapidamente respondeu, sobrepondo os fluxos enquanto mudava sua posição para receber o humano. Lâminas de vento assobiam cortando em direção a Samael, mas são parados pelos escudos, embora que apenas os parou no último escudo. Samael desce a espada rapidamente na intenção de cortar o pescoço da criatura mas antes que a espada possa atravessar ela é contida por uma camada de proteção feita de umbra, a criatura balança seu rabo e joga o humano longe, felizmente Samael não teve nenhum ferimento grave, apenas alguns machucados.
         Samael levanta rapidamente, o gumun está preparando outro fluxo, ele sorri ao ver o fluxo, vários fluxos grandes vibrando muito rapidamente. Ele rapidamente retira vários cartões para receber o impacto. O sinal fica pronto e uma rede de raios se materializa em direção a Samael que prontamente recebe o máximo deles com os cartões. Esses cartões contêm runas que transformam energia elétrica em umbra, o que é ainda melhor, em umbra pura que possa absorver.
Com a umbra absorvida em seu corpo, Samael pode usar golpes mais poderosos, o que pra ele é muito bom, ele começa a tecer fluxos, embora ele nunca foi muito bom em paralelização de fluxos, ainda tem uma proficiência decente. Juntando vários fluxo ele cria um raio negro que corre em direção da criatura, enquanto sobrepõe o efeito da runa de velocidade com um sinal que aumenta sua mobilidade. Sua velocidade atinge o pico, apenas o que se vê de Samael é apenas um borrão passando.
Movendo uma parte da sua força vital para o cérebro ele consegue processar melhor as imagens que ele capta, fazendo com que tenha uma reação muito mais rápida, o permitindo lutar adequadamente em altas velocidades. Com a espada na mão rugindo com plasma branco, ele corre mais uma vez em direção ao monstro, mirando mais uma vez no pescoço, mas usando a distração do raio negro para o acertar.
         Enquanto corria, Samael é subitamente atingido, ele voa quebrando árvores em sua trajetória, graças a proteção de umbra que revestia o seu corpo ele não teve danos pesados, mas seu corpo estava todo dolorido. Olhando para a criatura, rochas de todos os tamanhos dançam a sua volta com linhas vermelhas. Rios de umbra correm pelo ar, olhando onde o gumun está é perceptível que ele está canalizando mais umbra do que antes. Samael não consegue acreditar que tal monstro exista. “Pelo Criador, como algo pode ter tanta umbra?”.
         A criatura avança sobre Samael, ele apenas dá seu melhor para desviar, o gomun está se movendo em altíssima velocidade. Homem e Distorcido se torna borrão em meio a floresta. Árvores são quebradas, fogo, raio, uma explosão de luzes é vista em meio ao ambiente caótico. Samael dá o seu melhor para desviar dos golpes da criatura, tanto físicos como sinais. Samael até mesmo tenta contra atacar, mas não dá nenhum dano significativo.
A floresta em volta está em chamas, rochas estão derretidas. Os poucos animais na floresta estão correndo por suas vidas. Buracos são vistos em todos os lugares, enquanto a fumaça sobe para o céu e a luz prateada da lua banha o mundo. Samael desvia de uma investida pesada da criatura em sua direção, ele usa a espada para cortar enquanto o gomun passa ao seu lado. Mas uma forte camada protetora o impede de causar qualquer dano pesado.
         Uma grande parede de rochas e ar colide com Samael o arremessando, o impacto foi bastante pesado o fazendo tossir sangue, enquanto voa no ar ele lembra de quando tinha ingressado na escola dos magos, quando encontrava seus parentes, os vizinhos, era sempre a mesma conversa. “Samael você não consegue, desista. Samael é bom você parar por aqui, seu sei que é seu sonho, mas você não tem talento.”. Levantando com um pouco de esforço ele grita para o monstro.

— Mesmo que eu fique louco, vou matar você. Isso vai salvar muitas outras pessoas, sabe o que é melhor ao lutar contra monstros como vocês? Quanto mais fortes vocês são mais fortes eu fico!

         Samael respira fundo enquanto ele lança quase toda sua energia vital para o ambiente. Com tanta umbra liberada na atmosfera, Samael capta grandes quantidades de umbra e joga para suas runas. Sua velocidade vai à loucura, enquanto grandes bolas de fogo, raios, luzes brilham em volta de Samael e correm em direção ao monstro. Samael não perde tempo, vai para o monstro também. Homem e monstro lutam ferozmente, Samael está banhado em sangue, correndo em alta velocidade não ligando para a corrupção da umbra sujando sua força vital. Ele não tem o luxo de perder força vital, Samael move ondas massivas de umbra para realizar ataques, enquanto o monstro ruge lançando ataques poderosos.
         Enquanto Samael ataca ele ouve as vozes das pessoas que duvidaram de suas conquistas, vozes questionadoras. “Você não vai conseguir. Seria melhor desistir. Você não conseguirá fazer nada!”. Samael grita para todos eles calarem a boca enquanto continua a atacar o gomum, mas as vozes não se calam. Em um ataque Samael é jogado para trás, ele até mesmo começa a concordar com as vozes em sua cabeça. “É, talvez eu possa apenas desistir e morrer logo, o mundo está no seu fim mesmo!”. Enquanto ele está aceitando sua futura morte, uma lembrança ou voz de alguém tão querido por ele e que o ensinou tanto aparece. “O mundo não vai acabar, não agora. Samael, eu tenho uma tarefa para você… É porquê você fará algo pelo futuro… Proteja o futuro por vir.”
         Samael acorda de seu topor, cerra os dentes e corre para realizar o próximo ataque. Enquanto corria ele lembra do seu propósito, "Proteger o futuro, proteger os conhecimentos, eu tenho algo para fazer ainda”. Com essa resolução em seu coração a visão de Samael apenas apaga, rapidamente sua visão volta, mas ele está em um local diferente. Ele está sentado sobre um grande objeto, com um olhar mais apurado ele percebe que é um pêndulo gigantesco de cristal transparente. Sobre sua cabeça uma esfera de pura luz o banha, enquanto em baixo, no fundo há uma escuridão infinita. O pêndulo balança criando um arco, esse balanço gera luz e sombra. Samael percebe que em sua volta tem paredes circulando o pêndulo, e nelas piche negro são vistas, lentamente escorrendo da parede até a escuridão abaixo a alimentando.
         Na parede Samael também percebe dois desenhos em localizações opostas, uma árvore e uma jaula. Apenas seus contornos podem ser vistos, depois de um tempo o contorno do desenho da árvore começa a brilhar, os troncos brilham em luz branca enquanto a copa em luz dourada. Essa luz, esse desenho traz uma profunda felicidade a Samael, ele olha em volta, o desenho da jaula sumiu, ele procura melhor no seu entorno e nas suas costas, na outra extremidade do pêndulo ele vê uma sombra, um contorno de uma pessoa que fica sumindo e voltando, Samael percebe que está olhando para o desenho com interesse, mas depois sua visão muda para ele, um pânico profundo surge em seu coração acordando ele para a realidade.
         Apenas instantes se passaram na realidade, ele se sente preenchido com poder, seu corpo começa a doer muito, ele só pode usar esse poder por pouco tempo. As árvores em chamas iluminam todo o lugar, luzes bruxuleantes colorem o lugar numa cor amarelada alaranjado, a fumaça sobe ao céu cobrindo a lua. Samael encharcado com sangue que corre em direção ao monstro, ele puxa toda a umbra que pode da atmosfera, absorvendo tudo, cerrando os dentes por causa da dor ele continua. Chamas brancas começam a revestir seu corpo, enquanto ele aponta a espada em direção a criatura. O gomun por sua vez percebe que tem algo estranho e se prepara para seu ataque final. Chamas brancas giram em volta de Samael quando ele colide com o ataque do Distorcido, perfurando uma camada de fogo negro e soltando um grito Samael sente a espada perfurar a criatura depois disso ele apaga.
         Os raios de luz do sol acordam Samael, que está todo dolorido, ele não consegue mexer direito, com cortes em muitos lugares do corpo e em alguns locais estão queimaduras. Levantando ele percebe que ao seu lado estava uma criatura muito grande, o gomun, inicialmente Samael ficou alerta, mas ele percebeu que a criatura estava morta, com a espada dele fincada em seu coração. Samael suspira de alívio, retira sua espada, não perdendo tempo no local ele caminha de volta para o seu acampamento. Constatando que tem costelas quebradas, cartões com runas destruídos e que precisa de descanso, Samael depois de muito tempo decide seu rumo.
        Foi hoje o dia em que ele percebeu algo, a humanidade precisa continuar, não apenas sobreviver mas precisa se reerguer. O conhecimento que ele vem guardando é apenas uma ferramenta, ele precisa de pessoas, pessoas que impeçam essa loucura toda, ou pelo menos as contenham. Pessoas que caçam seres enlouquecidos, que forneçam proteção às pessoas. Talvez isso não seja o que Olívia falou que ele iria fazer no futuro, mas ele fará algo. Essas pessoas serão chamadas de guardiões, e elas protegerão o mundo da sombra que espreita.
Ir para o topo
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos